quarta-feira, dezembro 14, 2005

Crimes ambientais e resposta da autarquia

Os crimes ambientais na minha região começam a não ser suportáveis.
Há mais de vinte anos que os esgotos da povoação onde "vivo" são depejados a céu aberto num ribeiro que é afluente de um afluente do rio Almonda. Os sucessivos presidentes de câmara sempre se borrifaram para o assunto preferindo realizar obras de fachada, rotundas e outros "monumentos" do género, na sede de concelho, em vez de resolverem os reais problemas das pessoas e zelarem pela sua qualidade de vida. A zona poluída pelo dito ribeiro era das mais interessantes da aldeia em termos ambientais, lembro-a bem da minha infância. Agora é insuportável!! ...um verdadeiro caso de saúde pública.
Como se não bastasse a questão dos esgotos domésticos, há industriais que desculpando-se com a falta da ETAR depejam em alguns terrenos os resíduos de lagares de azeite e destilarias poluindo outros cursos de água na mesma zona. Mas as autoridades nada fazem, a conivência é total e todos mandam a palhinha de mão em mão à boa maneira portuguesa. Entretanto como não temos sistema de justiça pouco ou nada se pode fazer.
Para mim resta a consolação de não ter filhos e não vir a ter netos, ao contrário de alguns desses senhores, e, por isso, não correr o risco de os estar a ver envenenar ainda antes de terem nascido.

3 comentários:

Desambientado disse...

Mais uma vez, gostei.
Não pude deixar de comentar outra vez, até porque este teu primeiro post me diz muito.
Explicar-te-ei de seguida porque agora tenho que almoçar.

Desambientado disse...

Em 2003, uma aluna da Universidade dos Açores de engenharia do ambiente, chamada Rute Pereira da Silva, estudou a qualidade da água de um troço do rio Almonda, tendo não só verificado níveis elevados de poluição, mas também uma vontade enorme dos munícipios em que as coisas se alterassem.
É curioso que já em 1957, foi constituída e oficializada a Comissão de Estudos e Combate à Poluição do Rio Almonda, com alerta às populações e grande envolvimento do Governo Civil de então.
Curiosamente só em 1981 é que foram mandados elaborar os primeiros projectos de recuperação do Rio Almonda, mas só em 1985, estavamos nós na Universidade, quando foi aprovado pela primeira vez em Torres Novas, financiamento municipal para combate à poluição.
Afinal continua-se sem fazer nada pelo Rio Almonda.
Precisamos revoltar-nos contra isso, com mais frequência.

TF disse...

Na verdade ainda se começou a tentar fazer alguma coisa, talvez já durante os anos noventa. Limparam alguns troços do leito do rio e obrigaram algumas indústrias privadas a melhorar os sistemas de tratamento de efluentes. A Renova foi uma das empresas que modernizou bastante este sistema. A questão é que o Estado que é um dos principais poluidores nada fez. Como sempre, obriga os outros mas não serve de exemplo e ninguém o pode obrigar a ele. Há esgotos domésticos e industriais que continuam a ser despejados no rio e assim é difícil...
Ainda há pouco tempo os jornais da região vieram denunciar que a própria ETAR da cidade está a funcionar mal e a poluição é completamente lançada na Reserva Natural do Paúl do Boquilobo http://torresnovas.no.sapo.pt/ReservaPaul.htm
Não sei onde está a vontade de mudar dos responsáveis municipais. Não me parece que exista qualquer interesse por questões ambientais, antes pelo contrário. Exactamente paredes meias com esta reserva natural vai surgir agora uma brutal zona residencial, condomínio de luxo para estrangeiros em férias. Não há pachorra!!